À Dorothy Parker
Isso é hora de homem
casado chegar em casa?
Que
ódio, que ódio. Passa por mim como se eu não existisse e vai direto pro quarto.
Nem me olhou. Nem ouviu o que eu falei. Minha vontade é de dizer tudo o que eu penso
tudo o que eu sinto. Não. Na verdade a minha vontade é de pegar um objeto duro
e pesado, como esse enfeite de mesa aqui, e bater em sua cabeça e vê-lo cair.
Cair tão baixo quanto eu estou me sentindo. Queria ver o sangue jorrando, a
vida se esvaindo. Desgraçado!
Ei espera ai! Eu falei
contigo, acho que o mínimo que você me deve é uma explicação. Eu não tenho nada
com isso? Como assim, não tenho? Você jurou fidelidade na frente do padre, jurou que ia ser fiel na
alegria e na doença até que a morte nos separasse. E eu tô aqui, tô viva,
embora nestas horas eu quisesse estar morta.Ei, você não está me ouvindo?
Filho
da Puta. Ainda ri, debochado. Vontade de
bater nesta cara dele até fazer esse
risinho idiota sumir. Se eu fosse mais
forte faria ele cuspir esses dentes com
sangue, um por um, de tanto que eu ia bater. Maldito foi o dia que eu me abobei
e casei com essa merda. Devia ser
proibido deixarem uma moça escolher marido antes dos 25. O que uma tonta de 20
anos sabe da vida? Só vê a aparência física, a marca do carro, e mais nada...
Foi o que eu fiz... Tomei... Tomei bem naquele lugar.
O que? Você quer
descansar? Sou eu que te canso? Por isso chega a essa hora? Olha pra mim,
escuta o que eu falo!
Se
ele não quer mais ficar casado comigo, por que não diz? Por que não é fiel
consigo mesmo? Por que não fala que não quer mais? Não seria muito mais honesto?
Ele deveria chegar e dizer, olha, não tá
dando mais, vamos cada um seguir pro seu lado, você pode ficar com as crianças
e eu os pego aos finais de semana... Estou apaixonado por
outra... Ai, que dor! Eu conseguiria
ouvir isso?
Sozinha
eu teria a minha dignidade e poderia viver muito melhor. Viver melhor sem ele?
Não,
não... Eu não poderia. Eu não saberia ser sozinha. Nada me decifra tão bem
quanto uma passagem do livro da Clarice Lispector “ A Paixão Segundo G.H” que fala na terceira perna. Ele é minha
terceira perna. Acostumei-me a andar com as três e não sei e não quero andar
somente com duas. Como eu poderia viver sem ele? Parece que não sei, eu não
saberia nem encontrar uma razão para acordar no dia seguinte. Eu vivo por ele,
para ele.
Vai tomar banho, é? Não
tomou no Motel, na casa dela... no lugar
onde você estava? O quê? Como você tem coragem? Não, não fala nada! Não fala,
porque eu não quero saber, não quero ouvir. Para! Para!
Meu
Deus! Que fraca, que nada que eu sou que
me sujeito a essa situação. Sei que ele tem outra e aceito. Como posso?
Eu sou nada sem ele, não tenho vida sem ele. Não poderia sustentar as crianças,
não poderia seguir adiante. Tantos casamentos passam por fases difíceis e
depois melhoram. O nosso vai ser assim.
Essa é só uma fase, só pode ser. Nós vamos passar por isso e tudo vai voltar a
ser como era. Vamos ser felizes, vamos terminar de criar nossos filhos.
ResponderExcluirEntão,qtos relatos ouvimos d pessoas q vivem assim???Qtas mulheres ainda dependentes d outro p seguir vivendo em pleno século XXI...nada ficcional.
Mto bommmmmmmm