Na
imobiliária várias fotos de propriedades do interior de Vinha D’Alho.
Uma delas se destacava. Os galhos dos plátanos secos pelo inverno criavam figuras desconexas.
- O
que era esse lugar? Não parece ser
somente uma residência. – Felícia perguntou interessada.
O
agente caminhou até a ponta da mesa aonde ela folheava o álbum
com fotos de várias propriedades.
-
Ah, sim. Aí era um armazém e a morada
dos proprietários.
Sem pensar,
Felícia diz que quer ver o local.
-Veja
as outras fotos...Tem outras mais próximas da....
- Eu
quero ver essa! – Ela olhou firme
enquanto falava.
Ele
aquiesceu e marcaram para o dia seguinte
bem cedo.
***
-
Terminou o papel de embrulho, Alice! Traz
outro ligeiro!
A
menina ouviu o pai gritar e corre. Levou um novo rolo de papel pardo que
ele usava pra embrulhar a maioria das
vendas, quase todas à granel. Sabia o
quanto ele detestava esperar. Aproveitou que o pai a chamou, e ficou por ali.
Foi até a frente da venda. Sabia que era
por essa hora que Maurídes passava por
ali vindo da escola com sua égua moura . Olhou na estrada ao longe e na curva viu
que ele apontava. Seu coração bateu na barriga. O cabelo louro um pouco
comprido mexeu com o trote da égua. Ele
notou que ela estava ali, tinha certeza. Ele a notava, sim, embora não
demonstrasse. Talvez tivesse medo de seu pai, sempre tão austero. Mesmo de longe seus olhares se juntaram. A respiração se acelerou. Ele
estava perto. Estava quase ..
-“Aliiiice”- Ouviu o pai chamar - “Vai
lá pra casa ajudar tua mãe com o almoço”.
Por uns instantes
seus olhares se cruzaram.
Maurídes amarrou a égua no palanque ao lado do
plátano com suas folhas muito
verdes, quase tanto quanto
os seus olhos. Sua boca se abriu num suspiro. Ela tinha que ir. Ela tinha sempre que obedecer o pai.
-Quem
morava nesta casa? - Felícia perguntou
enquanto Ricardo desviava a
camionete dos buracos na estrada
-
Tenho os dados deles na pasta. Não
são conhecidos, faz muito tempo que
foram embora.Muito tempo mesmo... Nem devem estar mais vivos. Os netos que
estão negociando...
- O
que houve? - ele
apertou a boca
-
Não sei exatamente. Mas houve um incêndio na casa e a filha
mais velha do casal morreu. Desgostosos, arrendaram as terras e
foram embora pra cidade.
Essa propriedade está
de mão em mão. Merece um dono
caprichoso que cuide ...
-
Como era o nome da menina?
- Ah
não sei. – Ele desvia os olhos
da estrada por um momento e
brinca:
-
Que curiosidade!! - depois ficou em
silêncio ao ver a seriedade da cliente.
Ela murmurou:
- “Alice” - e virou o rosto pra
fora observando a paisagem.
O
carro não tinha bem parado e Felícia já
estava descendo. Como se nunca
tivesse saído dali, correu até o plátano que ficava bem defronte a sua casa e viu as iniciais esculpidas ainda
na madeira dentro de um coração: A e
M
Sinara querida,
ResponderExcluirTua narrativa conseguiu com q eu me transportasse p o tal lugar,q lindo e o Plátano???Minha árvore preferida desde q tinha 7 anos...Ameiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii