Uma semana hoje sem ele aqui.
A caminha de
tecido macio ao lado do fogão à lenha
agora é ocupada por outro. Fazem
revezamento.
Seu lugar no meu coração,
no entanto é uma lacuna que ninguém
completa. A chuva e o frio lá fora aumentam minha tristeza e abandono. Vou até
a janela e vejo onde ele foi enterrado. Sob
as raízes da paineira ao lado de onde enterramos a Sissi 3 anos atrás.
Plantei duas mudas de
flor que agora já brotam, vejo
daqui. Embora eu saiba que ele, seu espírito, sua essência não está ali
naquele lugar frio, uma fisgada de dor me atravessa o peito. Eu sei que ele não
sente mais frio, não sente desconforto, não sente nada.
Não sente nada. Esse nada, o deixar de ser, me esmaga e
dilacera.
“Ah, era só um cachorro” – Vão dizer se me virem neste
desespero. Não, não era só um cachorro. Era o meu amigo. O mais parceiro,
aquele que me entendia só pelo olhar, pela respiração, e tom de voz. O meu
Henry. O meu rei, que ia para todos os lugares comigo.
Já não era o mesmo. Tomava remédios que não podiam faltar. Bastante
alheio a qualquer barulho, aos latidos dos outros que sempre gostava de acompanhar. Não ficava mais no
colo, no sofá ou na cama. Pedia pra sair. Antes tão educado e preocupado com limpeza, agora fazia suas necessidades em qualquer lugar. Só queria a caminha, aqui ao lado do fogão. Só
se sentia confortável aqui, nesta caminha que
agora outros deitam. Outros que
também um dia vão me deixar.
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