Friends are not FOOD

Friends  are not FOOD

quinta-feira, 31 de maio de 2018

No Way to Run


I am deeply frightened, I  live alone with two dogs and I perceive through my window  there is a  guy, whose face I cannot see well wearing a dark thick fabric gray raincoat,  walking on the sidewalk in front of my house.  He also wears an advertising hat on his head. His medium length untidy hair helps him hide his face. On his left shoulder hangs a colorless huge tarp bag.
Without deviating his eyes from my house, the strange man stops. I hope he does not see me hidden behind the closed shutter. I do not have a relative, a close friend to call for help.  I am  all alone. Hopeless I realize he crosses the street and walks to my gate.
My property is all surrounded by chain link fences, about six inches tall, the iron grids are nor thick nor thin.  The strange man’s intentions are not good because he does not ring the bell.  I was not wrong. My heart feels as if he were forcing it not the doorknob.  He pushes the gate in order to try to enter, but it is locked.
I heave a sigh of relieve when I think he is giving up his intentions and leaving. I listen to my blood pulsing in my ears when he looks around and realizes he is alone in the street. It encourages him to go on.  His bag is placed on the ground and he looks for something. I cannot see properly, but it is a piercing tool, maybe a screwdriver.
Without breathing, I run to the telephone desk and call the Police.  My uncertain fingers tremble and I can hardly dial.  There are only two police cars in town and both are busy at the moment, says the woman who answers me.  She promises to send the first vehicle  to my address  as soon as  it arrives, she continues.  After this she takes note of my home address. I restate her that I am alone and terrified. It is an emergency request - I want to continue, to beg, I want to make her understand I am alone.
 My worries are just mine. Just mine.
I go to the window in time to see the evildoer entering the patio. As I was predicting it would happen, I previously locked the back door and windows and put my two dogs, Brownie and Cookie , inside. Why is it not one more nightmare, like the ones I have always had? Why is it happening to me?
We are here now, the three of us. My companions  sniff the air and bark furiously feeling something imperceptibly for me. All doors are locked. But what is a lock for that man?  I feel a mix of pain and agony in my throat as If I was being strangled.
I call the next-door neighbor, until the connection drops in the electronic mailbox. I go to the window and call the other side neighbors by their names. No one listens to me. I call 911 again.  The same woman answers me, although she wants me to repeat everything I had already said before, my address, what is going on... She definitely has no memory and asks me to calm down… Of course, this is happening to me, not to her or someone she loves. If I am killed here it is not going to make any difference for her. I will be part of statistics, nothing more. I ask myself: Where is police when we need it the most?
I listen with horror to the man forcing the back door. I pull Cookie and Brownie to my bedroom. They are unable to stop barking. I hug them to calm them down even though I am panicked. I do not  know if  I cry  or  laugh  when I lock the  door, I know that person is opening when he arrives there. The windows grills do not allow us to escape. Some years ago I installed them so that the house would be safer. I regret it now.
It has not been a good idea to go to my bedroom.  Maybe I should have left with the dogs by the front door and run to a house nearby when I could.
I enter the bathroom, and push the nonstop barking spiny fur dogs to come with me.  I lock it with the key. I grab a red towel and begin to shake it outside though the tilt window on trying to call someone’s attention.
I shout for help. My cries join my dogs’ barks. No one, no one listens to us.
My bedroom door opening sound tells me the man entered the room. He is there!  A few steps distance from us. The dogs feel his smell and bark even more.  I cry as I never thought I would be able to.
The bathroom door handle moves up and down. I listen to the sound of his body about to break the door. He will break into at any time.

quarta-feira, 30 de maio de 2018

Sem Saída


Moro sozinha somente  na companhia de  dois cães.  Estou amedrontada. Tem um sujeito, cujo rosto não consigo ver direito, vestindo um casaco escuro e sujo, de tecido grosso, caminhando devagar  na calçada  em frente a minha casa. Tem uma toca de lã cinza enfiada em sua cabeça. Os cabelos em desalinho, não muito curtos, ajudam a esconder-lhe a face. No ombro, uma enorme  sacola de lona,  quase  sem cor, pendurada.  
O estranho pára, sem desviar os olhos da minha casa. Acredito que não me veja, pois  me escondo atrás da persiana fechada.  Estou com medo, não tenho um parente, um amigo, ninguém para chamar. Vejo que  o homem atravessa a rua e caminha até o meu portão. O terreno é todo cercado por grades altas e resistentes. Suas intenções não são boas,  a campainha ele não toca. Vejo que força a mão na maçaneta  e empurra.  Não consegue entrar, está chaveado. Suspiro aliviada, penso que  o elemento vai desistir  e sair dali. Com o coração  batendo forte, vejo que  ele olha para os lados  e não vê mais ninguém nas ruas  além dele.  Coloca a mochila no chão e tira  algo de dentro.  Não consigo ver direito, é uma  ferramenta  pontuda, talvez  uma chave de fenda.
Corro até  o telefone e disco  o número da  policia com os dedos  incertos  pela tremedeira. Só tem duas viaturas  na cidade e  ambas estão  ocupadas  no momento, diz a mulher que me atende. Fala que  assim que  o primeiro carro chegar,  vai mandá-lo. Anota meu endereço sem preocupação. Aviso que sou sozinha e  estou apavorada. Peço urgência. Ela nem se comove.
Chego à janela, não vejo mais ninguém no portão. Ouço barulho ao lado da casa. Ele entrou no pátio. Antevendo que isso podia  ocorrer,   eu já tinha  ido nos fundos colocar meus dois  cães para dentro de casa e me certificar que  as portas  estavam bem trancadas.
Estamos  os três inquietos aqui na sala.  Os cachorros cheiram o ar e latem furiosos sem parar. Sentem um aroma que eu não percebo. As portas estão todas  trancadas, mas o que é uma fechadura para aquele  invasor? Sinto uma mistura de dor e  agonia em minha garganta, como se  alguém me sufocasse.
Ligo para  o vizinho, o telefone cai na caixa  postal.   Vou  à janela  e chamo os moradores  do outro  lado da rua, pelos  nomes.  Ninguém me  ouve.  Disco  190 outra vez. A  policial   não entende.  Quer que  eu repita  meu endereço, quer que eu me acalme, que eu explique tudo outra vez. Não se importa com meu drama. Claro, não é com ela, com  alguém de sua  família . Se eu morrer , não vai fazer diferença. Apenas mais um dado, uma estatística. Penso, “Onde está a policia  quando mais precisamos  dela?
Escuto com horror  o barulho do  homem  forçando  a  porta dos fundos. Puxo os dois  cães que não param de latir para  o meu  quarto.  Abraço-me neles para  acalmá-los, mesmo  em pânico. Não sei se choro ou se rio ao chavear a porta. Se  não tivesse  grade nas janelas  sairíamos  à rua pedindo ajuda.    dois  anos  coloquei ferro em todas as janelas pra  ter mais segurança.
Talvez  não tenha sido a solução  ideal. Talvez  eu devesse  ter  saído com os cães  pela  porta  da frente  e corrido até a casa ao lado. Com os  outros vizinhos do fim da rua, não tenho  amizade , nem sei seus nomes ao certo.
Entro no banheiro, empurro  os  cães que não param de latir com o pelo eriçado.  Passo a chave também. Pego uma  toalha  de  banho vermelha  e começo a sacudi-la  pela pequena abertura  da basculante na tentativa de chamar a atenção de alguém.  Grito  por  socorro. Meus  gritos  misturam-se  aos latidos dos  cães.
Um barulho  de  porta  se  abrindo avisa que o homem já entrou  no meu quarto. Os cães  sentem seu cheiro  por debaixo da porta do banheiro  e latem  ainda mais. Gritos e choro se misturam.  Tenho medo  de morrer. Tenho pavor de pensar na tortura que sofreremos.
A maçaneta da porta do banheiro se move para cima e para baixo. O invasor força a porta com o peso de seu corpo. Vai entrar a qualquer momento.

segunda-feira, 28 de maio de 2018

Scary Parade


After working long hours teaching English, unable to think in Portuguese language, I went to the supermarket near my house in order to buy some flour. I went walking of course; there was no gas in my car.  My first idea was to make a cake.
By far I listened to strong noises: horns, whistles, human voices… When I approached the supermarket I saw a parade with about 300 hundred people with banners, signs and posters asking for “Military Intervention” “Dictatorship”…
My heart sank. In my mind I only saw the images of  films, documentaries  and  stories  told  by  History teachers  and  people in general,   five, ten, fifteen ( and more)   years  older than me. Artists’ exile, banishments of journalists, politicians and other kinds of professions; torture, disappearance, death…
I could not believe my eyes. I could not trust my ears. It was true, though.  There was a parade in front of me where people were shouting and asking for Dictatorship.
Why were they doing so? Did they cut History classes in school? Do they ignore reality? Have not they watched real documentaries about missing people?  People, who, like us, only wanted to enjoy life, work to provide good food and housing for the family, raise some cats and dogs…
There is nothing I can say. I am scared. There is nothing left to do but pray.

domingo, 27 de maio de 2018

Brazilian People Dignity Dumped into Government Incompetence


 Truck drivers’ general strike has reached seven days. Tomorrow is the eighth day of mess. Chaos installed in our country.
Brazilian hospitals are in need of blood of all types for transfusions, medicines to take care of in-patients, oxygen tubing, and food for meals or even snacks. Relevant surgeries have been cancelled. Precious lives are at risk.

Also, a great amount of sick people needing care and specialized treatment is stuck in their houses waiting for death unable to leave home. Ambulance cars in queues parked with emptied gas tanks.
Airports full of people  waiting. There is no fuel for the airplanes.
Schools, general courses and universities are closing their doors until this unrest fades. Teachers or students cannot get to the place they work or attend classes.
Gas stations closed and empty supermarket shelves are the symbol of our last disastrous week. On the other hand, the ones who live from farming are pouring milk to feed the ground, fruit and vegetables ended up rotting in their warehouses.  Many valuable ingredients, which could feed people from hunger,   are being wasted.
What kind of government allows this situation to be installed?  How can a whole country depend on only one category? How can a country this size not to have railroads, trains for transportation of people and goods? To whom it can concern?
In a country like Brazil a situation like this is unacceptable.  There is plenty of rain, water sprouts from the ground, and our rich soil gives all we plant. The warm sun heats crops and fruit trees. Nevertheless, all this is useless if the ones ruling the country do not take their function seriously.
The rulers are not interested in people’s welfare.  They do not care if people have the right to see a doctor or to buy some medicine.  They do not mind if people study or not.  They are able to study, attend courses, travel and go to the hospital they want. These people only care about themselves and they can do whatever they want, their money (taken from the ones who really work) is well saved   in foreigner banks overseas.

quinta-feira, 24 de maio de 2018

Devaneio de uma Moradora do Litoral Norte do RS


Hoje, os  meus  alunos  de inglês  do turno da manhã não vieram,  tinham  outros compromissos  e a aula foi adiada. Aproveitei para  ir  ao Supermercado  Gomes ( sim, sou bairrista) e dar outras  voltas  necessárias, já que não tenho muita oportunidade  de  sair por trabalhar muito.  O  assunto que predominava em todos  os lugares  que fui, era a greve  dos caminhoneiros e o que  sua consequência  acarreta  para todos os setores da nossa cidade.

Acho que  os  motoristas de caminhão têm o direito de lutar por seus  direitos, da maneira que considerarem melhor,  assim como todas  as categorias.  Afinal, se não  lutarem por seus direitos, quem vai lutar?

No meio desse  caos todo, por um momento pensei que  a vida em geral dos cidadãos brasileiros  não deveria  depender  de  uma categoria. Imaginei, pensei  no quanto melhoraria  se  ao invés de  dependermos  de  rodovias   ( carros, caminhões e ônibus) para  termos  gasolina, para  transportar    pessoas  e  mercadorias, tivéssemos trens, metrôs.

Quão bom seria  se existisse, por  exemplo, um metrô que ligasse  o  litoral  norte  do RS  a cidade  de Porto Alegre, nossa capital.  Nos campos, ali perto da BR290, em Gravataí, Glorinha , Santo Antonio e Osório  haveria  em cada uma dessas cidades, uma  estação principal. Nelas haveria lojas  , praças  de alimentação  e  estacionamentos.  E, já que estamos  sonhando,  dessas  estações poderia sair  outra  via para  a cidade com pequenas  sub estações. 

Imaginem quanta comodidade  teria para todos os moradores  desses locais ? Calculem  a economia  de tempo,  de combustível.  Engarrafamento  seria coisa  do passado!  A ida  da praia   à capital seria  rápida e confortável. Quem precisa  fazer esse trajeto diariamente, seja por  trabalho ou estudo,  poderia  ler  mais, estudar,  fazer  palavras cruzadas  ou quem sabe, até  tirar um cochilo. 

Infelizmente  isso  ficou  num devaneio de quem sonha em resolver os problemas que vê.  Um sonho de uma pessoa que ficou um mês em Londres andando por  aqueles  pontualíssimos  tubes.   

Enquanto uns sonham, outros  têm a chance  de realizar. Bastaria que alguns, esses que  podem,   quisessem fazer algo de bom, em prol do povo  dessa região,  algo bom para  o planeta. Bastaria pensar  menos em si mesmos e em seus bolsos ou contas  no exterior, e mais no bem comum a todos.

(Liverpool Street Station photo)