Friends are not FOOD

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segunda-feira, 18 de junho de 2018

Estação Guarda Velha


Acordo as 06h30min, tomo um café da manhã reforçado  com frutas  iogurte  e granola.  Às 8 horas  da manhã começo  a trabalhar  na cidade  de  Porto Alegre, sou professor Universitário.   Pego meu carro, dirijo lentamente observando as árvores frondosas.  Os cachos  cor de cereja  abertos me acompanham  durante todo o percurso  até o estacionamento na  Estação Guarda Velha localizada lá perto da antiga free way.  Não é a toa que a  cidade é chamada a “cidade do flamboyant”.
Olho ao redor, com satisfação  e por que não dizer com orgulho,  ao observar centenas  de pessoas trabalhando na construção da  nova linha de metrô: A que vai  ligar  a Estação Guarda Velha  até  o centro da cidade.  Já está havendo uma pesquisa  para escolha do nome:  a)  Linha Moenda Central  b)  Linha  da Cachaça   c) Linha da Rapadura. Vou votar na primeira alternativa. Tiveram outras  ideias  anteriormente que me agradavam mais, mas  a  decisão final ficou entre essas três.
A estação do centro (essa que ainda não tem nome) será dentro de um Shopping Center. A construção bem adiantada, ali na  RS 474 , pertinho do  aeroporto  Serra e Mar, já desperta a atenção de mais investidores para a região.    Com a inauguração dessa estação  teremos mais  lojas, mais  bares, restaurantes,  e  duas  salas  de cinema.  Ou seja,  teremos mais empregos e ainda mais renda  para  nosso município.
Nossa  cidade  cresceu muito nas  últimas  décadas devido as melhorias  na cidade. O desemprego ficou  para trás. O progresso, enfim, chegou.
 Mal vejo a hora de curtir a conclusão dessa obra que vai facilitar ainda mais a vida dos cidadãos patrulhenses. Comodidade, conforto, segurança e  economia  ímpar para nossa  cidade.  Somos privilegiados  aqui entre a capital,  a serra, e o litoral com esse  ar de interior.
Entro na estação com filiais  das lojas, cafeterias e  restaurantes, filiais dos  tradicionais do centro de Santo Antônio.  Não me apresso. Se  eu perder esse metrô, em cinco minutos  passará outro. A essa  hora circulam muitas  linhas que vêm do litoral em direção a capital.  Em 40 minutos, estou  lá. Em 20 minutos estou na praia de Tramandaí, 25 em Capão.
Antes não era  assim. Meus pais contam que meus avós tiveram que ir para Porto Alegre, morar lá, após a conclusão do  Ensino Médio.  Com 17 anos, iam pra capital, morar em pensionatos ou  dividir  apartamentos com colegas  se quisessem  pensar em ter uma profissão melhor.  Claro, pra quem tinha apartamento não sentia muito, a  família podia  ir, ficar junto  às vezes. Podiam deixar o lugar de estudos com cara de casa, com cara de lar. Infelizmente esse conforto todo não foi a situação dos meus avós.
Hoje o jovem patrulhense  que quer estudar na Capital ou trabalhar vai de Metrô. Mora em casa, no conforto e junto ao calor  de sua família. Pela manhã, vai lendo, estudando, confortável nos bancos   onde sempre tem um jornal  do  dia atirado para quem quiser  se inteirar dos assuntos  de sua região. O passado e seus  desconfortos, ficou na lembrança dos mais velhos.
 Meu trem chegou. Abro minha mão, e coloco a palma  perto do sensor de digitais. Uma voz suave diz ao me reconhecer:
- Tenha uma boa viagem, professor.
Sento-me  sorrindo, confortavelmente  em um banco à janela  e respiro fundo,  enquanto me dirijo à capital.

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