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sexta-feira, 5 de outubro de 2018

O Enforcado


O barulho de algo pesado rangendo de lá para cá fez com que Marcos se aproximasse. Ansiava em descobrir o que ocasionava aquele ruído que se arrastava em seus ouvidos. Caminhou lentamente, sala por sala, quarto por quarto à procura da sua origem. Abria e fechava portas daquele longo corredor à meia luz. As janelas batiam sem cessar. Galhos de árvores tocavam no vidro pelo lado de fora, como mãos ansiosas batendo à porta. O vento forte entrava, mas, encurralado, não conseguia sair, causando um redemoinho. No último aposento, o enigma se dissipara. Um cadáver masculino, pendurado com uma corda ao redor do pescoço em uma das vigas do teto, rangia sem descanso.   A princípio não conseguira definir a identidade, de costas, somente pelo cabelo claro. Não queria tocar-lhe para virá-lo. Engoliu a saliva seca e  girou ao redor do corpo  para  contemplar lhe o rosto, enquanto o gelo adentrava seus membros. Os olhos estáticos e a cor de sua tez estavam alterados, mas não havia dúvidas, o enforcado era ele.

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