O barulho de
algo pesado rangendo de lá para cá fez com que Marcos se aproximasse. Ansiava
em descobrir o que ocasionava aquele ruído que se arrastava em seus ouvidos.
Caminhou lentamente, sala por sala, quarto por quarto à procura da sua origem.
Abria e fechava portas daquele longo corredor à meia luz. As janelas batiam sem
cessar. Galhos de árvores tocavam no vidro pelo lado de fora, como mãos
ansiosas batendo à porta. O vento forte entrava, mas, encurralado, não
conseguia sair, causando um redemoinho. No último aposento, o enigma se
dissipara. Um cadáver masculino, pendurado com uma corda ao redor do pescoço em
uma das vigas do teto, rangia sem descanso.
A princípio não conseguira definir a identidade, de costas, somente pelo
cabelo claro. Não queria tocar-lhe para virá-lo. Engoliu a saliva seca e girou ao redor do corpo para
contemplar lhe o rosto, enquanto o gelo adentrava seus membros. Os olhos
estáticos e a cor de sua tez estavam alterados, mas não havia dúvidas, o
enforcado era ele.
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