Friends are not FOOD

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terça-feira, 7 de dezembro de 2021

Resenha de Ismael Chaves

 Vou começar essa resenha indo direto ao ponto: "Plural de Fêmeas" é uma das minhas leituras preferidas do ano!


Desde a abertura com "Chá de Rivais", o livro chega com os dois pés na porta e, se o leitor não virar as páginas com cuidado e olhar para os lados, de vez em quando, periga ser nocauteado assim como os personagens.

Formado por 19 contos, distribuídos em quatro segmentos, "Plural de Fêmeas" dá voz e protagonismo à mulheres fortes, que caem, que levantam, que apanham, que revidam, que resistem, que se vingam e retomam o controle de suas vidas.

A escrita fluída e ágil de Sinara, temperada com uma boa dose de violência, não se esquiva de abordar temas polêmicos ou tabus. Há uma brutalidade que lembra Silvia Ocampo e outras grandes autoras da literatura latino-americana, ao abordar temas que são universais, ainda que com uma familiaridade, infelizmente, brasileira. São as dores de mães, esposas, filhas ou simplesmente mulheres, diante de um sistema opressivo que tenta a todo custo calar, ridicularizar, diminuir ou mesmo destroçar suas vidas. Mas aqui elas tem o destino nas mãos - e muitas vezes a faca, a motoserra e o volante do carro também!

São histórias vibrantes, frenéticas e reflexivas que acabam com um sorriso no rosto ou uma lágrima nos olhos ("Mamãe Noel" me fez chorar, pela primeira vez, lendo um livro).

Que cada vez mais mulheres ocupem seu espaço e contem suas histórias. Sinara Foss é, sem dúvida, uma dessas principais vozes.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

Resenha da escrtora Marta Leiria sobre o Plural de Fêmeas


A começar pela belíssima capa, percorri com prazer, medo e sem fôlego, os contos de PLURAL DE FÊMEAS, de Sinara Foss. 

Impossível sair ileso das bem construídas cenas e tramas destas histórias de terror e suspense ambientadas na fictícia cidade interiorana de Vinha d’Alho mostrando os dramas e as tragédias de suas protagonistas. 

Em “Aos Pedaços”, quase desviei os olhos das páginas sangrentas. Não capitulei e segui até o final na expectativa de que fosse um pesadelo, mas não se preocupem, não vou dar spoiler. 

É com coragem que a autora revela essas almas atormentadas. 

Meu conto preferido? “Pinceladas do Destino”. Amei o título e a perturbadora história da pintora Cláudia, vocacionada desde cedo para a arte, alvo de profundo desdém pelo marido Lauro, que não vê qualquer sentido na escolha da mulher em se dedicar a algo que não serve para ganhar dinheiro e pagar contas. 

Vale conferir a prosa ficcional de Sinara Foss!

quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Resenha de Caco Belmonte - Plural de Fêmeas



"PLURAL DE FÊMEAS, da Sinara Foss, é um livro com ares de Hitchcock. Outro dia, escrevi sobre prefácios e introduções mirabolantes, que prometem textos de talento sobrenatural, além da capacidade do autor. Não é o caso deste, apresentado pelos escritores Vera Ione Molina e Duda Falcão.
A única ressalva que faço, e tem a ver com a memória afetiva de leitor atento, é que a obra me remeteu às antigas coletâneas intituladas sob o guarda-chuva do consagrado mestre do suspense, Alfred Hitchcock. Se não estou enganado, os livros Histórias Assombrosas e Histórias Tenebrosas, congregavam textos de diversos autores e nem lembro se eram assinados, ou apenas redatores fantasmas, ghost writers como eu mesmo já fui.
Vera Ione, na orelha do livro, faz alusão a Spielberg e sua bem-sucedida série televisiva, Amazing Stories. De fato, é por aí que a narrativa circula. E uma das qualidades do texto, além de ser visual, é a brevidade dos contos. Sinara não é um narrador "mala", daqueles que nos entediam logo nas primeiras páginas. Ela é ágil, insinua e não entrega de mão beijada (antecipa o conflito e, melhor de tudo, "mantém o leitor em rédea curta", demonstrando domínio narrativo). Não é à toa, porque a autora não se iniciou ontem na literatura, embora seja a sua primeira "aventura" nesse campo narrativo (mistério e violência).
Na maior parte do livro, quase nada sobra. Ainda assim, com o meu "olhar xarope" de editor, haveria pequenos cortes a sugerir, eventualmente um "turning point" no final de um único conto, cujo final eu já havia intuído, desde a metade. Por ser um livro de histórias breves e leitura fluída, empolgante, apesar da densidade dos conteúdos, em algumas horas é possível devorá-lo.
Recomendo, também porque a surpresa é algo que me atrai na literatura. A capa, por exemplo, em tons mimosos liláses com duas fêmeas jovens sobre um leito aconchegante, uma delas nua, talvez possa sugerir narrativas eróticas, ou lesbianismo. Pelo título, a cor da capa e a imagem que ilustra, também podemos supor que iremos encontrar uma obra feminista e panfletária. Mas, não é nada disso, o texto vai além e nos entrega outras coisas.
Por intermédio da literatura, em brevíssimas 90 páginas editadas pela Bestiário, Sinara Foss nos leva à imersão num mundo onde as mulheres são humilhadas, esculachadas, traídas, fodidas e mal pagas; mas, ao invés de deixar quieto e aguentar no osso, guardar para si, elas reagem contra os seus agressores e contra outras mulheres que, na visão dessas personagens atormentadas, ameaçam o "status quo" de suas vidas amorosas, conjugais, familiares, etc.
Não é isso, afinal, o que encontramos nas delegacias de mulheres, em algumas das casas de nossos vizinhos e parentes? Quem de nós, enfim, não conhece inúmeras histórias de abuso machista e violência doméstica? Apesar de vivermos o tempo das pós-verdades e dos negacionistas, algumas coisas são óbvias e ninguém consegue escondê-las, porque terminam estampadas nas manchetes das páginas policiais."
Leiam o livro!"
Caco Belmonte

sábado, 20 de novembro de 2021

Army of Female

 

 "After flicking through the pages of “Army of Female”, nothing will be left standing. For the author Sinara Foss, words are sharp blades. Take care not to get cut. All stories present female characters as protagonists and take place in the fictional town of Vinha d’Alho that could be the countryside of anywhere in Brazil.  The female characters daily routine is one of delusion, depression and unrequited love.  However, their voices are not passive. They raise like a resistance cry against a society dominated by men.  Suicides, poisonings, threats and killings give a horror seasoning along the book. The gloomy aspects of human soul reach its peak at the final short story. The wreckage of unhappy and incomplete relationships emerge without any chance to redemption.  Try to gather the pieces of your heart and soul after reading Sinara Foss’ work.  Meanwhile try to remember that every piece of fiction represents our society giving us an opportunity to think and rebuild the world we live in."  Duda Falcão - writer

www.sinarafoss.com.br