Livro “Memórias de um cachorro velho” aborda alegrias e tristezas dos animais
08 de janeiro de 2011
“Memórias de um cachorro velho” foi o primeiro romance de Sinara Foss, escritora gaúcha preocupada com os direitos e a proteção dos animais. O livro é narrado pelo cachorro Xôlo, que conta sua história desde o nascimento em uma fazenda, as muitas dificuldades por que passou até a velhice tranquila depois de adotado por uma família que amava os animais.
O livro é bem escrito e interessante, apesar de algumas lágrimas serem inevitáveis. Através da narrativa do cão, somos apresentados à maldade humana, que prefere sacrificar um cão ferido a procurar socorro, que abandona um animal à própria sorte apenas por ter sarna, que joga filhotes como se fosse uma bola. Enfim, coisas que infelizmente vemos por aí e que nos deixam perplexos com a capacidade do homem em fazer mal ao seu semelhante, seja humano ou animal, e com a insensibilidade diante do sofrimento alheio.
Mas esta não é apenas uma história triste. Depois de muito sofrimento, Xôlo encontra uma família que o acolhe, trata dele e o recebe como mais um filho canino. A história é verdadeira, e este cão por fim teve a sorte que muitos não tiveram.
“Decidi contar a minha vida não porque achei que daria um livro interessante. Existe uma razão muito maior do que essa por trás disso. Uma razão muito digna. Eu quero que vocês que leram a minha vida se conscientizem que um animal também tem sentimentos, que um animal também tem direito à vida, que um animal consegue ou não ser feliz da mesma forma que as pessoas. Eu queria que as pessoas mudassem o modo como tratam os animais (…) Pensem antes de agredir um animal, pensem antes de deixá-lo passar frio, pensem antes de queimar, machucar, bater, escorraçar um animal. Pelo menos uma vez, coloquem-se no lugar dele!”
Sinara tem um estilo próprio de contar histórias; através dela os animais ganham voz, narram suas alegrias e tristezas, em linguagem acessível e objetiva. Em Divagações de Sissi, a cachorrinha conta sua história e a dos outros animais da família, e levanta temas como o vegetarianismo, o direito dos animais, o preconceito e o meio ambiente. Aqui Xôlo coloca o dedo (ou a pata) na ferida da crueldade humana, no abandono e desprezo sofrido pelos animais, e mostra como é possível salvar uma vida e ganhar um amigo.
“Aprendi a amar as meninas e a mãe delas. Elas me curaram. Me deram novamente a vida, me deram carinho… e eu então nem precise de convite e passei a viver ali. Não era preciso falar nada; eu pertencia àquela casa. As pessoas que me conheceram quando eu estava doente não conseguiam acreditar em seus próprios olhos ao me verem depois. Paravam na rua e sem parar de me olhar perguntavam para as minhas donas:
-Escuta… esse não é aquele cachorro seco e sarnento que andava aí pelas ruas, é?
- É, é aquele mesmo. Nada como carinho, atenção e cuidados para recuperar um doente…
-Bah! E eu pensava que ele nem tinha mais cura! É difícil de acreditar que seja aquele coitado daquele cachorro mendigo!
Isso acontecia sempre, sempre. As pessoas não acreditavam na minha recuperação. Eu mesmo custava a acreditar. A felicidade havia me remoçado, a felicidade havia me dado novamente forças e vontade pra viver.”
Lançado em 1996, o livro teve sua primeira edição esgotada e em breve será lançada a segunda edição. Além de “Memórias”, a autora escreveu “Mulheres” (2008), livro de contos cujos temas são a vida e reflexões de mulheres de diversas idades e situações; “Nossas vidas – encontro de duas almas gêmeas” (2008), que conta a história de um casal através de várias vidas e em diversos períodos da história; e “Divagações de Sissi” (2010), em que a cadelinha narradora conta sua vida e incentiva o respeito e o amor aos animais. Estes três romances estão em catálogo e podem ser comprados pela Livraria Cultura ou pelo site da autora.
“Memórias de um cachorro velho” é um romance sensível, que despertará nos leitores a compreensão e empatia com as alegrias e os sofrimentos dos animais. Ao lê-lo percebemos a importância da adoção de animais adultos, que por não terem mais a fofura de filhote estão mais sujeitos ao abandono e à solidão. Se adotar é luxo, adotar um animal adulto é duplamente importante, e este livro cumpre seu papel de conscientização e educação.
Olá, Sinara! É um grande prazer ver a ANDA citada aqui em seu espaço. Apenas lembramos que ANDA quer dizer "Agência de Notícias de Direitos Animais" e não "Associação Nacional de Direitos dos Animais". Um super abraço com mto carinho e parabéns mais uma vez pela obra.
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