Um protetor se culpa por não poder fazer mais. Ele custa a dormir em noites de frio, porque ao invés de lembrar daqueles a quem encontrou um bom lar, lembra dos outros, àqueles que não conseguiu ajudar. Àqueles que fingiu não ver porque não podia. As vezes não se pode ajudar por falta de tempo, espaço ou dinheiro ou todos esses fatores juntos.
Ele queria ser dez ao mesmo tempo e socorrer todos. Ele queria ser rico e poder pagar todos os tratamentos. Ele queria ser veterinário pra dominar a ciência que envolve cada órgão, cada membro. Ele queria ter uma fazenda com canis, gatis, estábulos confortáveis com muitos empregados, todos interessados no bem estar dos resgatados.
Ele queria que seu dia tivesse mais horas...
Ele queria que seu dia tivesse mais horas...
Um protetor de animais não dorme em noites de chuva. Pela sua cabeça passam cenas de animais desabrigados, tiritando de frio com o pelo molhado, mas com aquele olhar doce, calmo de quem aceita.
Um protetor de animais não se diverte no Natal. Ao invés de celebrar o nascimento de Cristo, ele chora a morte de tantos perus, leitões, pra servir de alimento, um alimento desnecessário porque o ser humano não precisa disso pra ter saúde.
Sei disso porque apesar de fazer pouco, me considero uma protetora de animais. Faço muito pouco do muito que eu queria fazer, e escrevo porque minhas noites são longas onde vagam imagens de animais que eu não socorri.